Editorial
Mônica Hage
Antes do apagar das luzes do ano de 2015 que, diga-se de passagem, foi um ano de muito trabalho e produção, trazemos para você o número 10 da revista Agente. Neste número a ideia foi reunir alguns trabalhos apresentados na XX Jornada da Seção Bahia da Escola Brasileira de Psicanálise, cujo tema foi “O Corpo falante – Adolescência e Desejo”.
Agradecemos a todos aqueles que participaram da nossa Jornada e que com o seu desejo decidido imprimiram...
Uma relação tão delicada
Ana Martha Maia (EBP/AMP)
Em 1989, com este título, uma peça teatral fez um enorme sucesso no Rio de Janeiro. No palco, Irene Ravache e Regina Braga, duas mulheres que encenavam a relação mãe-filha. Em 1994, foi a vez de Querida mamãe. Confundida como autora da primeira, disse a dramaturga Maria Adelaide Amaral: “eu só conseguia visualizar e sentir as duas mulheres em conflito. Os conflitos entre mãe e filha são atuais. Eram há 18 anos e ainda serão por muito tempo”.
Dois extremos que se tocam
Bernardino Horne - AME-EBP AMP
Desejo destacar um ponto em comum de dois momentos extremos da vida como são a adolescência e a velhice. Ilustro a questão com dois casos de pânico, um púber de 13 anos e um senhor de 83. Em ambos, trata-se de um movimento intenso na economia libidinal. Deslocam-se grandes quantidades de libido. Fazem-se presentes o objeto e a libido muta a objetal.
“Como é que eu faço para controlar isso?”
Luiz Felipe Monteiro
O ônibus mal acabara de partir do ponto e logo ali, despretensiosamente, algo dava indícios de sua presença. Sentado sozinho, olhava a paisagem através dos vidros que não refletiam nenhum torso de mulher que lhe chamasse a atenção. Não sabia dizer...
O adolescente, o objeto e o Outro
Luiz Mena
Para Lacadée, a adolescência não é uma fase do desenvolvimento, e sim “uma resposta sintomática do sujeito, quando a libido, escapando a qualquer entendimento, envia-o à solidão, à errância e ao sentimento de ser incompreendido pelo Outro”....
A plasticidade do gozo na adolescência
Marcelo Magnelli
O declínio da função paterna, característica do mundo contemporâneo, traz consequências ao modo como o falasser se defende do Real. A feminização do mundo é uma dessas consequências e põe em tela formas de gozo com pouco ou nenhum lastreamento fálico.
Desejo e luto: uma referência a Hamlet1
PorMaria Luiza Rangel(EBP/AMP)
Neste texto focalizamos a mudança de estatuto do desejo de Freud para Lacan que leva em conta a atualização feita pela cultura sobre os ensinamentos freudianos, formalizados em inícios do século XX. Consideramos, aí os enunciados...
Medicalização da infância e da adolescência: que caminho é esse?
Mônica Hage
Tomemos dois textos com um intervalo de um século. O texto de Freud, “Prefácio à juventude desorientada de Aichorn”, que em 1925 dizia que a educação era uma tarefa impossível, sempre deixava restos, já que não se domestica a pulsão. E o texto de Miller, “Em direção à adolescência”, de 2015...
Ado(l)escência: de que padece esse corpo?
(Nilton Cerqueira)
O que há de doente nesse corpo adolescente que parece esbanjar saúde? Meninos e meninas sofrem um choque: o metabolismo acelera, os ossos estiram, os músculos se tonificam, a adiposidade se distribui, fâneros brotam, os brotos mamários crescem, a emissão vocal se fortalece, os órgãos pudendos, pênis e vagina, se umedecem de esquisitas secreções; o ritmo corporal é agitado, a percepção da sua metamorfose inquieta...
Comentário sobre o filme “Boyhood – da infância à juventude” (2014)
Luiz Felipe Monteiro
“Boyhood – da infância à juventude” dificilmente se equipara aos conhecidos filmes sobre a adolescência onde um jovem em crise enfrenta a descoberta do sexo, das drogas e do mundo para além do âmbito familiar. Este é um filme incomum em diversos aspectos. Nele, o espectador em busca de um sentido psicológico sobre os impasses da juventude, facilmente, se decepcionará.