Editorial Lapsus #23

Pablo Sauce

 “O esp de um laps”

O número 23 desta revista dos Associados do IPB, se caracteriza por ser joyceano em sua ordinalidade, nos remetendo ao Seminário de Lacan sobre o sinthome; e por ser surrealista em sua cardinalidade, através da bricolagem que compõem seus textos, ilustrados magnificamente pelas imagens do artista contemporâneo Kazuhiko Nakamura.  Edição a-temática em princípio, é produto e reflexo do percurso de trabalho durante este ano de 2021, no qual foram abordados os impossíveis freudianos – governar, educar e analisar – sob a grade dos discursos lacanianos – do amo, universitário, da histérica e do analista – para finalmente ensaiar alguma resposta que nos oriente no atual discurso dominante, o do capitalista, em sua parceria com a tecnologia; da qual uma de suas principais características é, nas palavras de nosso convidado Gustavo Dessal: “o que é impossível hoje, pode deixar de sê-lo amanhã”.  O leitor encontrará neste lapsus de leitura diversas abordagens sobre temas como o tratamento da dor em uma época que pretende renegá-la; o impossível de ensinar; o impossível de despertar e de dizer; as mulheres e o amor impossível; o amor como uma saída do discurso do capitalista; a maternidade como marca de origem; o trabalho coletivo com crianças; a docilidade com o paradigma trans-gênero, introduzida no campo freudiano por J. A. Miller, como uma via alternativa à segregação do gozo; a função da escrita no campo da psicose; o uso sintomático da letra; a inibição do saber; a invenção como um saber de outra ordem; entre outros assuntos. Tantas perspectivas de interrogar a psicanálise como multiplicidade de desejos em jogo nesta empreitada.

Além do trabalho dos Associados, contamos nesta edição com um texto de Rogério Barros, atual Diretor Geral do IPB, escrito por ocasião da aula inaugural do Curso Regular deste ano, onde se transmite a orientação política do Instituto, associado ao Campo Freudiano; assim como também contamos com as respostas de Gustavo Dessal, psicanalista e escritor, a três perguntas sobre o que pode a psicanálise perante o avanço da tecnologia e seus efeitos nas subjetividades da época.

Que sua leitura inspire outras mais!