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Divinos detalhes entre arte e escrita

Liliane Sales
Associada do IPB – Bahia

Juliana Palhares diviniza o detalhe do que diz a escrita analítica. Do traço mais singular, delineia o que foi dito, o não-dito, o silêncio, o vazio e até mesmo o invisível. Um detalhe que arrebata pelo dom de fazer existir o invisível.

Por um efeito sujeito, mais passivo, somos olhados pelo detalhe. Da escrita à forma.

A arte ocasiona uma reconciliação entre os dois princípios, de maneira peculiar. Um artista é originalmente um homem que se afasta da realidade, porque não pode concordar com a renúncia à satisfação instintual que ela a princípio exige, e que concede a seus desejos eróticos e ambiciosos completa liberdade na vida de fantasia. Todavia, encontra o caminho de volta deste mundo de fantasia para a realidade, fazendo uso de dons especiais que transformam suas fantasias em verdades de um novo tipo, que são valorizadas pelos homens como reflexos preciosos da realidade (Freud, 1911/1996, p. 272).

Para Freud, o artista sempre precede os analistas. Artistas se divertem nas suas construções criando linguagem/conceito e não apenas ilustrações. Eles conseguem desvendar os mistérios do inconsciente com sua criação artística.

Em um movimento moebiano de dentro e fora, as garrafas, a escrita, a letra e o vazio conversam com as inquietações escritas por analistas desejantes de responder a questões que a ilustração condensa.

O instante de ver; um lapso que nos escapa a ser preenchido no rótulo; o tempo de compreender e se inventar na precipitação da escrita e o momento de concluir que tropeça e deixa ver pedaços de real.

A artista Juliana Palhares é Professora Doutora em Artes.


Referência

FREUD, S. Formulações sobre os dois princípios do funcionamento mental. (1911) In: FREUD, S. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. v. XII. Rio de Janeiro: Imago, 1996. p. 143-153.

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